Inovação está implícita numa forte e promissora Cultura Organizacional
À semelhança do treinador de uma equipa de alta competição, o interesse de qualquer líder é invariavelmente a obtenção de um resultado favorável para a sua organização. Sabemos que este resultado só é passível de ser alcançado através do contributo de cada um dos elementos da equipa.
Um líder sozinho nada alcançará!
Mas se isto é verdade, por que razão persiste a existência de organizações cuja cultura se resume à centralização de decisões e autoridade?
Por que razão existe nas pessoas um clima de desconforto e insegurança para contestar e contrariar as opiniões e ideias daqueles que elas consideram as suas autoridades nos locais de trabalho?
A resposta poderá estar no facto dos gestores ou responsáveis máximos sentirem que estão a abrir mão da sua soberania, do controlo e comando daquela organização, constituindo para si uma ameaça a evitar. Será?!
Existe uma dimensão de eficiência e otimização de recursos que muitos de nós, enquanto empresários, ainda não exploramos – a cultura das nossas organizações e o impacto que esta tem nos seus resultados!
Cultura, na verdade, é uma área na qual todos somos peritos a identificar, mas revelamos grandes dificuldades em implementar aquela que melhor serviria as nossas organizações.
Ao entrarmos numa sala, festa ou qualquer espaço empresarial, bastam alguns minutos de interação para percepcionarmos que tipo de cultura está instalada. As suas evidências revelam-se através das reações das pessoas, dos pensamentos, das suas crenças, e, em especial, através daquilo que conseguimos sentir naquele espaço.
Independentemente do tipo de organização, existe um conjunto de práticas e ferramentas que podemos trazer numa perspetiva de criar verdadeiros grupos de trabalho dinâmicos e auspiciosos.
Modelos que estimulem pessoas e equipas
Nos dias que correm, já nos cansámos de ouvir que a produtividade está intrinsecamente ligada ao nível de felicidade, satisfação e bem-estar que um indivíduo experencia na sua vida pessoal e profissional.
Mas será que estamos a conseguir interpretar corretamente o que significa Felicidade no Ambiente de Trabalho ou, quando ouvimos falar nisto, soa-nos a folga, permissividade excessiva, recreio, improdutividade?...
É possível adotarmos modelos que estimulem as pessoas e as equipas a conectarem-se entre si, de forma conscienciosa e salutar. Estaremos, assim, não só a elevar a felicidade e o bem-estar no seio da empresa, contribuindo para um crescimento individual, como também a desencadear condições para as equipas atingirem os seus objetivos de forma eficaz e com maior eficiência.
Em muitas organizações, existe a ideia de que a hierarquia máxima – sendo o líder da organização o responsável pelos salários dos que ali trabalham – pode exercer o seu poder e a sua autoridade, dando instruções rígidas e categóricas das tarefas e tempos a desempenhar.
Pode fazê-lo, de facto, mas isto não incute qualquer sentido de responsabilidade na pessoa que executa, e até suscita um sentimento de inutilidade e desmotivação, dado que não lhe é conferida a oportunidade de, num dia-a-dia de trabalho, experienciar momentos de entusiasmo e emoção através da opinião e dos contributos que teria interesse em partilhar com a equipa.
É curioso que os melhores contributos surgem, por vezes, através das pessoas que menos esperávamos, mas continuamos a assistir aos modelos de gestão totalmente centralizados e muito hierarquizados, desvalorizando a opinião da pessoa cujas tarefas se resumem à execução básica na organização.
Estes modelos funcionam, mas claramente os resultados ficarão aquém daqueles que se obteriam num cenário em que todos os elementos da organização tivessem uma voz e os seus contributos considerados potenciais propostas de melhoria da organização.
Sozinhos poderemos ir mais rápido, mas juntos iremos certamente mais longe…
Um modelo de liderança no qual as pessoas não se sintam inspiradas, e mesmo convidadas, a expressar a sua verdadeira opinião, de forma plena e íntegra, é um modelo insustentável e que revelará constante dificuldade de crescimento.
É urgente despertar para uma mudança de paradigma nas nossas organizações, procurando inovar, não apenas em produtos ou processos, mas especialmente ao nível organizacional, começando pela raiz das nossas empresas, começando nos Espaços de Trabalho.
A Inovação nos Espaços de Trabalho é a criação de ambientes de trabalho nos quais as pessoas de todo e qualquer nível hierárquico possuem condições para poderem, no seu potencial máximo, aplicar e desenvolver as suas competências, conhecimentos e criatividade.
Trata-se de adotar um conjunto de práticas que modela a forma como as pessoas percecionam, experienciam e influenciam o seu dia-a-dia de trabalho e, consequentemente, o desempenho da empresa.
É crucial permitir e encorajar a presença de espaços de trabalho harmoniosos e agregadores, nos quais todos se sintam seguros para se expressarem, sem preconceitos e preocupação do juízo de valor que tanto receiam.
Cabe-nos o papel de fomentar e seduzir as pessoas que trabalham connosco a adotar comportamentos genuínos e autênticos, a não terem medo de errar, a serem elas próprias. Para isso, temos de retirar dos nossos padrões a culpabilização e assumir o preço do erro (nada mais é que o preço de formação – aprendizagem).
Adotar estas práticas desenvolve não só a satisfação e o bem-estar como também o conhecimento e o crescimento pessoal, condições que concorrem diretamente para os resultados da organização.
Enquanto líderes, por vezes condenamos aqueles que objetam e refutam as nossas ideias. Estimamos aqueles que estão em plena concordância connosco. Não estaremos a cair na falácia de admirar a pessoa errada?
Questiono se porventura não será mais preocupante aquele que nada tem a dizer para além de “Amém” a tudo o que eu digo, do que aquele que discorda e contesta, revelando arrojo e entusiasmo em contribuir para aquilo que, na sua perspetiva, confere uma melhoria à organização?
Procuremos adotar para as nossas empresas culturas que promovam a liberdade de expressão, o convite à participação e o contributo de cada elemento, não por caridade e preocupação social, mas sim porque esta prática trará verdadeiros benefícios às organizações, os quais transformarão as suas culturas em processos de inovação invejáveis.
Liderança não se trata de gerir pessoas, mas de construir equipas tão inspiradas pelo trabalho que realizam que nem sequer precisam de ser geridas.
Minha profunda ambição no desempenho deste papel!