Liderança no feminino
Motivar com criatividade, liderar com sensibilidade

A liderança entrou na minha vida era ainda uma menina, com 23 anos. Abracei, sem hesitar, o desafio que então me foi lançado por aquele que é hoje meu sócio e marido, Valdemar Duarte. Criámos, em conjunto, uma empresa, num setor que tem tanto de aliciante como de exigente: a indústria de moldes para plásticos.
Já lá vão 27 anos. Vivi, portanto, a maior parte da minha vida como empresária num meio industrial e num setor, em particular, predominantemente masculinos.
Esbater esse ‘preconceito’ tem sido uma das minhas prioridades.
Defendo uma liderança sem género. Seja no feminino ou no masculino, importa colocar o melhor de nós em cada instante, em cada decisão. Encarar com força renovada os momentos de incerteza, olhar com otimismo o futuro. Confiar na equipa que escolhemos para nos rodear nesta caminhada, e motivá-la com criatividade.
Se ser Mulher me confere alguma diferença em relação à liderança no masculino, esta será, porventura, intrínseca à condição feminina: uma intuição mais aguçada, aliada a uma maior sensibilidade. E as duas, em conjunto, são garante, muitas vezes, da quebra de barreiras fundamental para consolidar negócios.
Mas nesta, que é uma aventura sem retorno, tem sido crucial caminhar acompanhada.

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Sónia Calado com Valdemar Duarte, presidente do grupo DRT, durante uma visita à empresa de Siza Vieira (à esquerda), ministro de Estado da Economia e da Transição Digital, em Julho do ano passado

A pequena empresa que criámos foi, como um filho, crescendo de forma gradual e sustentada. E é hoje um grupo empresarial – a DRT -, composto por 14 empresas e operando em áreas tão diversificadas como a indústria, digitalização, comunicação e design industrial e até aluguer de charters de luxo.
Uma diversidade aliada a uma aposta permanente em produtos de valor acrescentado, dando resposta ao elevado grau de exigência da indústria automóvel que representa a maior parte da nossa produção.

Ambição, uma palavra-chave

E num percurso empresarial que se espera de sucesso, a ambição tem de ser, forçosamente, uma palavra-chave. Por isso, o grupo procura a expandir o seu negócio na área da injeção, pintura de peças plásticas e na digitalização com forte enfase na Inteligência Artificial e IOT (internet das coisas).
A Europa atravessa, neste momento, uma crise de contornos nunca antes vividos. Ser resiliente é imperioso, dizem-nos. Mas tomar decisões, apesar de urgente, é praticamente uma missão impossível devido à incerteza que nos rodeia.
Estamos num mundo adormecido economicamente, no qual ser empresário é, mais do que nunca, uma posição desafiante. 

Se olharmos para o Plano de Recuperação e Resiliência, recentemente apresentado pelo nosso governo, pouco se fala de Indústria. Mas esta não pode ser esquecida, sobretudo a transformadora.

Preponderante para a economia de um País, é o setor que mais rapidamente pode incrementar riqueza, criação e manutenção de emprego. É urgente que os nossos governantes criem mecanismos, sobretudo para atrair jovens para a indústria.
E porque estamos no mês dedicado à Mulher, termino deixando uma palavra de apreço para todas as mulheres que, como eu, se dividem entre o aconchego que asseguram no seio da família e o a racionalidade no rumo das empresas.