
Envolvente Empresarial
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Análise da Conjuntura

Mensal
FEVEREIRO 2023• Crescimento estimado do PIB, em 2022, de +6,8%, num contexto de elevada inflação e de grande incerteza internacional.
No 4º trimestre de 2022 o crescimento do PIB desacelerou, em cadeia e em termos homólogos, para 0,2% (+0,4% no 3º trimestre) e 3,1% (+4,9% no 4º trimestre de 2021).
• Subida muito significativa da Inflação (média anual em 2022 de 7,8%, face a 1,3%, em 2021; o valor mais elevado dos últimos 30 anos), prevendo-se assim a manutenção da política de subida progressiva da taxa de juro de referência do BCE para valores eventualmente até aos 3,75%, durante o ano de 2023.
Em janeiro de 2023 a inflação, em termos homólogos, foi de +8,4%. A inflação subjacente, excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos, ficou nos 7%.
• A dívida pública bruta diminuiu, em novembro, para 272,6 mil milhões de euros, ficando a dívida líquida de depósitos das administrações públicas em 258,7 mil milhões de euros.
A receita fiscal em 2022 subiu 13,8%, para 58,5 mil milhões de euros (+ 7,1 mil milhões de euros do que em dezembro de 2021), muito mais do que inicialmente previsto em Orçamento de Estado. Apesar disso, o saldo primário subiu em 2022 +4,6 mil milhões de euros (era de -1,7 mil milhões de euros e passou para +2,9 mil milhões de euros), tendo a despesa primária do Estado crescido +5,5 mil milhões de euros (passou de 93,6 mil milhões de euros, em 2021, para 99,1 mil milhões de euros, em 2022).
• Em 2022 nasceram 48.404 empresas (+14,3% face a 2021), encerraram 12.988 (-8,80%) e ocorreram 1626 processos de insolvência (-16,9%). Quase todos os setores registam crescimento nas novas empresas por comparação com 2021, com destaque para 5 setores que, no seu conjunto, representam 95% do aumento global: Transportes (+2.207 constituições; +111%), Serviços gerais (+1.200 constituições; +22%), Serviços empresariais (+959 constituições; +13%), Alojamento e restauração (+765 constituições; +20%) e Tecnologias da Informação e Comunicação - TIC (+631 constituições; +25%). Este aumento na criação de novas empresas mostra a recuperação de setores especialmente afetados pela pandemia, como os Transportes, Serviços e Alojamento e restauração, e a confirmação de outros setores com grande dinamismo, como as TIC. A Área Metropolitana de Lisboa concentra mais de 40% das constituições de empresas em 2022, sendo uma das regiões que mais cresce neste último ano. A criação de empresas na região Norte registou um aumento de apenas 5% em 2022. Esta é a região ainda mais distante dos valores pré-pandémicos, estando a registar uma recuperação mais lenta depois da quebra registada no primeiro ano de pandemia.
• As exportações de bens cresceram, em 2022, +23,1%, atingindo um valor de 78,3 mil milhões de euros. Apesar disso, a balança de bens terminou negativa em -30,8 mil milhões de euros , face ao crescimento ainda maior das importações de bens (+31,2% do que em 2021, atingindo o valor de 109,1 mil milhões de euros) . O saldo positivo da balança de serviços em cerca de 24 mil milhões de euros, fruto da forte recuperação da componente de turismo, não chega para compensar o deficit da balança de bens. Assim, a balança comercial manterá estimativamente um deficit de cerca de 6 mil milhões de euros (3% do PIB).
Em 2021, as 28 mil empresas exportadoras (5,7% do total de sociedades) foram responsáveis por cerca de 35,4% do volume de negócios do país, garantindo emprego a cerca de 775 mil trabalhadores. A maioria destas empresas está localizada no Norte (40%), Lisboa (29%) e Centro (20%). Cerca de 79% das empresas exportam menos de 1 milhão de euros e 19% exportam entre 1 milhão de euros e 25 milhões de euros. Apenas 2% exportam acima de 25 milhões de euros.

Trimestral
julho/agosto/setembro 2022• O forte abrandamento em cadeia do PIB, para apenas 0,1% em volume no segundo trimestre, refletindo já os efeitos da guerra na Ucrânia. Prevê-se um crescimento real do PIB em 2023, de 1,3% no cenário macroeconómico da Proposta de Orçamento do Estado e de 0,7% no World Economic Outlook do FMI.
• A manutenção da trajetória de aceleração e forte crescimento das exportações no segundo trimestre, destacando-se a recuperação do turismo. Os fortes aumentos, no período de janeiro a agosto, das exportações e importações de bens (25,9% e 37,7%), a refletir em grande parte um efeito preço, sobretudo nas transações de bens energéticos, e com um agravamento acentuado do défice comercial de bens. O aumento homólogo muito expressivo, no período de janeiro a julho, do excedente da balança de serviços, devido a um crescimento nominal das exportações (84,1%) acima do das importações (41,2%).
• As previsões de inflação em 2023, do Governo (4,0%) do FMI (4,7%) e do Conselho de Finanças públicas (5,1%). A segunda subida consecutiva das taxas de juro de referência do BCE, desta vez de 0,75 pontos percentuais, ficando estas em 2%. A subida ainda mais acentuada das taxas Euribor no terceiro trimestre, atingindo máximos de vários anos em setembro (2,233% no prazo dos 12 meses, o máximo em mais de uma década).
• O aumento da criação líquida de empresas, em termos homólogos, até ao terceiro trimestre de 2022, segundo dados revistos da Informa D&B. Contudo, a variação em cadeia, no segundo trimestre, do indicador de declarações de insolvência, constante dos dados do Eurostat, sinaliza já um aumento da vulnerabilidade das empresas nacionais.
• A cotação média do euro face ao dólar, que prosseguiu em queda no terceiro trimestre, cotando já, em setembro, abaixo da paridade e num mínimo de quase 20 anos.
• O cenário orçamental que resulta da Proposta de Orçamento do Estado para 2023, com uma redução do défice público de 1,9% do PIB em 2022 para 0,9% em 2023. A consolidação orçamental resulta de uma subida do rácio da receita pública no PIB de 44,1% em 2022 para 44,5% em 2023 (embora com uma descida da carga fiscal de 35,6% para 35,1%) e de um recuo do rácio da despesa pública de 46,0% para 45,4% (com origem nas prestações sociais, nos subsídios e nas transferências de capital).